segunda-feira, 10 de março de 2014

Fazendo contas... Vida simples e dinheiro

Durante muitos anos fui funcionária da Secretaria de Educação. Isso significava dinheiro certo no fim do mês, mas também gastos sem controle... Afinal, como o dinheiro entraria na minha conta, ficava tranquila por estar "coberta". O problema é que saber que haverá dinheiro no fim do mês não significa ter dinheiro para tudo, e durante muitos anos gastei muito mais do que podia.

De fato, após pedir exoneração da secretaria para navegar em outras águas, descobri que dinheiro, apesar de ser feito de árvore e só isso já faz com que valha um monte, faz muitas coisas inclusive nos ensinar a ter uma vida simples. Como assim?

Imagine só... Sai da secretaria com um salário de aproximadamente 2800 reais devendo 4000 no banco! Pode parecer pouco ou muito, depende da sua referência. À época, para mim, isso era um absurdo! Devia um salário e meio para o banco no cheque especial. Diga-se de passagem, os juros ainda não eram de 14% ao mês, mas apenas 7%! E o "apenas" é ironia, tá? Afinal, o banco sobrevive com nossa incapacidade de lidar com o dinheiro e 7% é muito dinheiro... Faz a conta aí!

Para se ter uma ideia do rombo, demorei um ano inteiro para pagar a bolada, o que tomou uma fatia grande do meu salário mensal.

Foi então que percebi que a mazela era minha e de mais ninguém. Tudo bem que o banco empurra cheque, cartão, limite "espacial" na conta, que o banco vive da especulação futura...  Contudo, eu tinha me colocado no buraco... Em parte por nunca ter tido que lidar com isso, em outra, porque dinheiro é um tabu social! Sim! Tabu sim... Não conversamos sobre como lidar com dinheiro com qualquer pessoa... É mais fácil falar sobre a roupa bonita, a loja onde comprou, o sorriso maroto do vendedor, as cervejas no boteco, do carro novo, do que como é a nossa relação com o dinheiro. E afinal, todos, sem exceção, temos de lidar com o dinheiro! Todos nós!

Hoje me sinto bem nessa relação. Bem... Não ótima! Ainda não é a ideal porque continuo dependendo um monte do dinheiro, mas pelo menos ele está sob controle e nem por isso minha vida é ruim. Não mesmo! Aliás, minha vida nunca esteve melhor! Faço de tudo! Tudo mesmo! Mas nada de exageros! Viajo, como fora, vou ao cinema, recebo as pessoas em casa, saio com amigos, compro livros, roupas, sapatos... Mas só faço quando preciso. Mas não no sentido restrito e sim no ponderado.

Duas coisas fizeram diferença: levar uma vida simples, mais confiante em mim mesma, naquilo que faço e nas pessoas à minha volta; e fazer uma planilha de gastos (do tipo da padaria - entrada e saída). Só isso!

A vida simples de início foi trabalhosa. Hoje virou hábito. Não faço as coisas apenas porque alguém (mídia, consumo) sugeriu... Faço porque estou afim a vale a pena.

A planilha de gastos é muito mais um controle. Eu tenho que saber quanto gasto, com o que, e então consigo fazer, para os próximos meses, planos sensatos. Por exemplo, comprar uma geladeira nova a vista era algo irreal há uns anos. No final do ano passado consegui fazer isso... Numa emergência... Mas aconteceu. E fiquei muitíssimo feliz! Não ter dívidas ao fazer uma compra de peso é muitíssimo satisfatório!

Então, tentando compartilhar, aí vão algumas dicas para que sua vida seja mais simples e você tenha uma boa relação com o dinheiro:

1) Concentre todo a movimentação do seu dinheiro em uma conta. Sim UMA conta. Conta poupança não vale porque é para poupar e não movimentar. Conta de aplicação também não. Conta corrente, só uma. Assim tem como você saber que tanto e como está saindo o dinheiro ao longo do mês. É muitíssimo mais fácil fazer assim... É só uma torneira de entrada e uma de saída.

2) Não tenha cartão de crédito; se realmente fizer questão tenha apenas UM! Cartões de crédito têm anuidade, ou seja, você paga só para ter o cartão no bolso, ainda que não gaste. Ok, isso todo mundo sabe (ou quase todo mundo). Mas o que pode parecer pouco 10, 13 ou 20 reais por mês, no final do ano é um montante considerável. Faça a conta do seu! Cheguei a gastar 258 reais para ter os cartões, agora é só um. AH! E não use como desculpa ter um de cada bandeira... Isso é furada. Existem duas bandeiras mais comum... Já que faz questão do cartão, opte por uma delas ao invés de ficar pagando pelas duas. Além disso, há cartões que quando mais você gasta, menor é a anuidade/ mensalidade. AH! E se tiver conta conjunta, veja qual é a melhor opção de cartão de débito e/ou crédito.

Dica importante... Se você tem um cartão com as duas funções, separe-os, assim se um bloqueia, você não fica com os dois. Além do mais, cartão de débito não tem anuidade!

3) Crie uma planilha, um arquivo, no qual você registra TUDO o que gasta em um mês. Conta de padaria mesmo - entrada e saída até do picolé de rua, do cachorro quente da esquina. Estabeleça uma média de gasto mensal - fixo (aluguel, conta de luz, telefone, mercado, alimentação fora de casa etc) e variável (presentinhos, livros, roupas, sapatos etc situações que não são feitas todos os meses e não podem ser consideradas inesperadas). Ao longo do mês, a medida que for gastando vá diminuindo do que você colocou como média mensal, mas lembre-se de separar o dinheiro dos gastos fixos primeiro, esses gasto serão feitos! Os outros nem sempre! Assim não passa aperto por não conseguir pagar a conta de luz.

Esse esquema ajuda bastante porque quando coloco o que já gastei, vou diminuindo da média de gasto mensal e vendo quanto ainda posso gastar... Vou diminuindo até zerar. Se a prévia fica perto do zero bem antes do fim do mês, aí  é o desespero! Mas pelo menos sei onde gastei mais e me cobro no mês seguinte nesse aspecto. No inicio é difícil, mas com o tempo fica tranquilo! É só uma questão de hábito, de mudar padrão de gasto e prestar atenção no que fazemos.

4) Nada de parcelar!!!! Só compre o que consegue pagar! Se não cabe na conta desse mês, deixe para comprar no mês que vem... Se não couber na do mês que vem, junte a gana até o mês que der.

5) Cuidado com as cobranças de pacote de serviços do banco. Normalmente eles oferecem um pacote básico sem despesa, ou seja, um pacote de serviços gratuito. Há anos não pago serviço de banco porque limito minha movimentação ao pacote básico. Faço pouquíssimos saques, no máximo três por mês, várias vezes nem chega a isso. E se faço o saque ponho na conta da padaria tudo o que gastei... Até o pão de queijo de R$ 1,20. AH! E não uso cheque há quase nove anos!!! Querendo ou não, cheque é só dor de cabeça... Várias vezes ficava guardando a grana para o pagamento do cheque e o cheque não entrava. Sem paciência, gastava o dinheiro e depois não tinha como pagar o cheque. Fora que cheque é mais uma torneira aberta... Humpf... E haja torneira aberta... É só pensar em todas as facilidades que os bancos nos oferecem para gastarmos!! Ui!

6) Haverá meses com situações imprevistas. Contudo, se você se organizou para sobrar sempre um pouco, esse que restinho de sempre vai ajudar a cobrir o imprevisto... Mas é imprevisto mesmo! Tipo conserto do fogão, uma viagem de emergência, troca de pneu do carro que caiu no buraco, um cano que furou, o teto do banheiro para remendar...

Enfim... Seis dicas... Espero que sejam úteis como foram para mim!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pelo comentário!