quinta-feira, 1 de abril de 2010

Falar do feminismo num espaço masculinista? Desafios da ciência

A maior preocupação que tem me rondado durante esses dias de contemplação dos livros diz respeito ao famigerado "método" de pesquisa. Como pesquisar? Como ler? Como traçar percursos epistêmicos para falar das sofridas dores do feminismo?

Transito todos os dias de Feyerabend (ai, ai, que saudade da Física) a Morin, de Popper a Gramsci, mas nada, absolutamente nada me apraz, saeb por que? Porque são leituras de quem está no local de fala androcêntrico, dualista, sectário e redundantemente dual.

De que adianta falar sobre gênero e feminismo se me valho de tecnologias de pesquisa que me soterram a alma num lamaçal de percursos que desintegram minha essência? Nossa, que pobreza a indução, a deduação, o funcionalismo, o estruturalismo, os "ismos" catalográficos se meu espaço, se minha vivência traçam meu método (ou a ausência dele)?

Impressionismo? Talvez, mas coerente com o que me proponho a fazer, uma subversão quase que anômica em relação ao que foi definido, desde o Iluminismo, como métodos para apropriação de discurso, conhecimento e poder.

Honesto, honesto, muito honesto, ainda mais em se tratando da pobreza existencial que envolve a vã tentativa do Direito de se firmar (numa perna-de-pau) num campo de episthème. Qual o campo? Qual o foco? Ciência? Objeto? Auto-observação? Auto-referência legitimante? Um Direito que insiste em se apegar à forma, ao isolacionismo macarrônico de utilizar verborréia para criar realidades semânticas que pouco valem para a real compreensão do problema alheio. Quem dirá solução ou quiçá administração. Deveria ser admoestação, palavrinha xarope que se usa muito na verborréia juridiquesa.

Às vezes penso que me falta o ar que respiro quando penetro no cadafalso jurídico. Falta-me ar, sem, contudo, não me faltar chão, pois não estou no chão. Encontro-me no horizonte, entre o céu e a Terra, imersa no éter.

Mas quando todos e todas acham que viajo na maionese, eis que apareço, cada vez mais consciente, para ajudar, para assistir, para doar e, dentro disso, não necessito de julgamentos. Eles geralmente vêm de quem está chafurdando no androcentrismo, jurando ser libertário ou libertária e sensível à crítica feminista... Somos mais patriarcas do que supomos ser, a começar do acesso à propriedade, um discursinho burguês apropriado no sentido de igualdade...

Blargh, morram os condenados e as condenadas à ignorância de si. Cansei de circular entre tanta gente que não se olha no espelho e, não se olhando, não vê seu ego feio, coitado, dando pulos por um pedaço carcomido do pão da sabedoria.

Enquanto todo mundo achar que meu negócio é fazer yoga e ser purpurina, rio sozinha da imbecilidade que é o espetáculo humano da vaidade dos que colocam botox no cérebro, a pretexto de elongar mais os neurônios e facilitar as sinapses.

Rio porque sei que a queda vem para todos e todas, bastando a nós a contemplação da decadência que, ao final, traz o desespero para quem não sabe de si, a essa altura do campeonato!

Um comentário:

Obrigada pelo comentário!